28/09/06

O Puto

“Plantar uma árvore, Escrever um livro, Ter um filho”.
Como vivemos na era da informação, já não é preciso gastar papel e tinta para escrever o que nos vai na alma. Esta é a razão de ser deste blog.
Vou começar este "livro" apresentando o puto. Para que possam ter a experiência de ver o mundo à maneira dele.

O puto nasceu para a vida numa família jovem, de seis elementos, católica e feliz. O pai, também ele um puto, a mãe disciplinadora, o melhor amigo, duas irmãs e claro, o rebento.

Tudo corria bem, até o melhor amigo ter de fazer uma grande viagem e o puto adormeceu à espera da sua chegada.

Quando o puto acordou tudo era diferente, a família tinha envelhecido... As duas irmãs preparavam-se para sair de casa. Toda a propaganda católica, que lhe tinham impingido durante a vida, já não fazia sentido... e o amigo não chegava.

O puto cresceu introvertido, anti-social, mas nem tudo era mau, ele era alegre dentro do seu mundo e dava-se com as pessoas que queriam dar-se com ele, mas continuava à procura do seu amigo.

Sempre adorou o sexo oposto desde muito cedo, nesse aspecto era um precoce. A primeira paixão foi antes de entrar para a escola, mas ainda era complicado expressar os seus sentimentos.

Na escola o puto sempre foi o melhor ou um dos melhores sem grande esforço. Todos o viam como "o marrão", por muito que não se considerasse. Mas o aspecto de quem olhava para ele não dava para enganar. Era o típico branquela, com acne, cabelo esquisito, só lhe faltavam os óculos tipo “fundo de garrafa” ... Ou seja, alvo de chacota. Faltava-lhe uma consultora de moda…

“Tu ficavas bem de cabelo comprido”, foi esta a afirmação que deu início à mudança. Sem se aperceber, o acne desaparecia e estava a ficar popular. Um mundo novo abriu-se à sua frente. Um mundo sem repressão, onde era aceite. Em boa hora…

Maravilhado, manteve-se na ilusão, durante alguns anos, até se aperceber que estava na altura de amadurecer um pouco.

Hoje, o puto chega à conclusão que crescer e ser adulto não tem assim tanta graça. A ideia é tentar olhar o mundo como tudo fosse novo, para a vida não se tornar monótona. E com a certeza que um dia encontrará o seu amigo, olha para a vida de frente, tranquilo.

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