27/11/07

26/11/07

Comunicação Fácil

Na era da informação todos nós estamos contactáveis a qualquer altura e anormalmente perto uns dos outros.

Digo anormal porque há relativamente pouco tempo não havia internet ou telemóveis, mas apenas telefones fixos que nos obrigava à sujeição de estar quer emissor, quer receptor perto do aparelho.

Quero com isto dizer que a comunicação se tornou banal. Podemos falar com todos a qualquer momento. E o que acontece quando algo se torna banal? Dá-se o desinteresse…

Senão vejam este exemplo pessoal: há vinte anos atrás, falar para uma tia emigrada em França, através do já velhinho telefone fixo, era uma emoção. A tia estava tão longe e não falávamos com ela há tanto tempo. Falava-se de tudo e mais alguma coisa sempre com um sorriso rasgado na cara. Falava-se de todos os acontecimentos importantes, os pessoais, os locais, de cá e de lá, de tudo. E culminava com as chamadas muitas vezes acabarem em lágrimas de parte a parte.

Neste momento existe uma chamada curta no aniversário quando acontece…

Pegando nos aniversários lembro-me de outro exemplo. Quando alguém fazia anos ou havia aquela chamada sentida ou guardava-se a emoção até um próximo encontro que ao acontecer se mostrava com aquele abraço ou aquele beijo. Agora uma fria e banal mensagem de texto, vulgo SMS, basta.

No meu tempo (até parece que já sou velho) recebi algumas mensagens de texto com os parabéns, mas eram telegramas e porque uma chamada dos Açores era muito cara.

É claro que há vantagens e estas talvez superem as desvantagens, mas agora relativamente às relações humanas, com todas as facilidades de comunicação, mail, Messenger, telemóveis, a emoção deu lugar ao desinteresse e à frieza no trato.

23/11/07

Para ti

Tenho saudade

Saudade de te ter por completo

Saudade de acordar e adormecer contigo

Continuamente, saudade do que nunca tive

09/11/07

Cigarrinho

Desde a inserção de mensagens sobre os malefícios do tabaco nos maços, tenho observado um fenómeno bastante interessante.

Para grande parte dos fumadores deixou de haver “cigarros”, passando a lhes atribuir nomes muito mais queridos e fofinhos como o já famoso “cigarrinho”.

Mas não se ficam por aqui, além do “cigarrinho” pequeno, carinhoso e inofensivo, temos também o “night” (se é assim que se escreve), expressão antiga mas que ganhou novo fulgor, o “cigarret” ou somente “garret” uma fusão de “cigarro” com “Almeida Garret”, logo com nível e estilo, já ouvi inclusivamente “cigarretto” fazendo uma alusão a um italianismo que está bem na moda através por exemplo do George Clooney fazer anúncios publicitários a vermute e cafés expresso, e muitos mais nomes que não vou enumerar.

Agora o “CIGARRO” que acaba em “ARRO” e que provoca “catARRO”, cancro e imagine-se IMPOTÊNCIA, desapareceu como por magia. (Gostaram da ironia do cancro em minúsculas e a impotência em maiúsculas? Foi propositado eheheh)

Num passado ainda recente a expressão “vou ali fumar um cigarro” era banal. Agora é “Vou SÓ ali fumar um CIGARRINHO”. Chamo particular atenção para o “SÓ” que dantes não existia. Fazendo como uma alusão à simplicidade e à inocência do acto.

Esta constatação só me leva a concluir que as pessoas gostam de ser enganadas e, neste caso, são por elas próprias.