30/09/06

Politiquices

Num mundo onde apenas existem três pessoas e três casas.

Duas das pessoas não têm casa, a terceira pessoa é proprietária das três casas.

Que direito tem o proprietário de recusar a dormida nas casas que não ocupa?

E, que direito têm os outros dois de ocupar propriedade que não lhes pertence?

29/09/06

Amigos

Longe vão os tempos em que todos os amigos do puto não passavam um dia sem aparecer lá em casa.

A tertúlia passou da dezena, algumas vezes. Desde jantares, passagens de ano, noites loucas, tudo aconteceu na casa do puto. Havia dias que se levantava e havia pessoal a dormir no chão, a casa varrida por um tornado, mas com a certeza de todos, que a noite anterior tinha sido a melhor de sempre.

“Posso aparecer aí puto?”, "Põe aí o jogo", “Bora ver o futebol na TV?”, “Puto, dá para nos emprestares um quarto por meia hora?”

O puto nunca soube dizer “não” a quem estima. E pensa ele “Se a minha casa falasse…”.

A casa do puto foi o palco de todas as descobertas, para ele próprio e para todos os que o rodeavam. O puto era e é feliz em ver os outros felizes e a divertirem-se.

No entanto, conforme o tempo foi passando, todos os aliciantes da companhia do puto parecem ter desaparecido. Talvez por todos já terem as diversões que gostam na própria casa, por já haver dinheiro para ir para o café ver a bola ou para pagar um motel. Ou simplesmente pela rotina que implica ser adulto e ter responsabilidades.

E agora? Que mais o puto pode fazer? Será que é a vez deles mostrarem algum agradecimento, retribuindo de alguma forma?

Tudo o que o puto deu e fez, nunca foi com o objectivo de receber nada em troca, simplesmente a casa agora parece gigante para ele só. Mas mais vale só que mal acompanhado... Valerá?

28/09/06

O Puto

“Plantar uma árvore, Escrever um livro, Ter um filho”.
Como vivemos na era da informação, já não é preciso gastar papel e tinta para escrever o que nos vai na alma. Esta é a razão de ser deste blog.
Vou começar este "livro" apresentando o puto. Para que possam ter a experiência de ver o mundo à maneira dele.

O puto nasceu para a vida numa família jovem, de seis elementos, católica e feliz. O pai, também ele um puto, a mãe disciplinadora, o melhor amigo, duas irmãs e claro, o rebento.

Tudo corria bem, até o melhor amigo ter de fazer uma grande viagem e o puto adormeceu à espera da sua chegada.

Quando o puto acordou tudo era diferente, a família tinha envelhecido... As duas irmãs preparavam-se para sair de casa. Toda a propaganda católica, que lhe tinham impingido durante a vida, já não fazia sentido... e o amigo não chegava.

O puto cresceu introvertido, anti-social, mas nem tudo era mau, ele era alegre dentro do seu mundo e dava-se com as pessoas que queriam dar-se com ele, mas continuava à procura do seu amigo.

Sempre adorou o sexo oposto desde muito cedo, nesse aspecto era um precoce. A primeira paixão foi antes de entrar para a escola, mas ainda era complicado expressar os seus sentimentos.

Na escola o puto sempre foi o melhor ou um dos melhores sem grande esforço. Todos o viam como "o marrão", por muito que não se considerasse. Mas o aspecto de quem olhava para ele não dava para enganar. Era o típico branquela, com acne, cabelo esquisito, só lhe faltavam os óculos tipo “fundo de garrafa” ... Ou seja, alvo de chacota. Faltava-lhe uma consultora de moda…

“Tu ficavas bem de cabelo comprido”, foi esta a afirmação que deu início à mudança. Sem se aperceber, o acne desaparecia e estava a ficar popular. Um mundo novo abriu-se à sua frente. Um mundo sem repressão, onde era aceite. Em boa hora…

Maravilhado, manteve-se na ilusão, durante alguns anos, até se aperceber que estava na altura de amadurecer um pouco.

Hoje, o puto chega à conclusão que crescer e ser adulto não tem assim tanta graça. A ideia é tentar olhar o mundo como tudo fosse novo, para a vida não se tornar monótona. E com a certeza que um dia encontrará o seu amigo, olha para a vida de frente, tranquilo.